quarta-feira, 18 de julho de 2012

Mafalda e a Professora


Mafalda e a professora

Nayr Tesser

Se é um personagem que se corporificou e adquiriu contornos humanos, chama-se Mafalda; se é um espírito que continua vivo, cuja chama não esmorece, chama-se Quino. É ele que diz “O que importam os anos? O que importa mesmo é comprovar que afinal de contas a melhor idade da vida é estar vivo.” É o que acontece com Mafalda e seu criador.

Sempre que pronuncio seu nome, nasce em mim uma enorme ternura e cumplicidade que só  costumo dedicar  a pessoas muito especiais. Mafalda me acompanhou em muitos momentos da minha vida. Já a cultivava quando ainda só falava espanhol e, para aproveitá-la nas aulas de Português, no antigo Julinho, traduzia o balão, colando, em cima da tira original, as falas em português. Muitas provas foram feitas, então, com as tiras da Mafalda. Nesse sentido, adquiri duas coleções, que iam do nº 1 ao nº 12, uma para uso e outra, quase intocada, que até hoje me acompanha. Nos anos que se sucederam a 1964, Mafalda foi a voz que falava por nós, já que nossas vozes haviam sido silenciadas. Esse mesmo papel ela desempenhou quando da Reforma Universitária, em 1972, na malfadada disciplina de LET-180, na qual um dos conteúdos tratados era o de argumentação. Na verdade, a sociedade deve muito aos humoristas e cartunistas desse período, porque eles construíram a brecha através da qual nossa alma respirava a liberdade.

Esse amor, até hoje cultivado e que assiste Mafalda ressurgir com o mesmo impacto, reconhece a imortalidade e universalidade dessa menina cujos olhos percebiam, desde cedo, a contradição entre “coisas que não se devem fazer” e as que os adultos fazem, contrariando o que lhes era ensinado. “Por que os adultos não fazem o que lhes ensinam?” A menina, irônica, questionadora e pacifista tinha, e ainda tem, motivos de sobra para se preocupar com os rumos do planeta, preocupação que muitos de nós custamos a ter, apesar dos esforços  de conscientização quanto ao destino do planeta.

Quando Quino, ao justificar que não voltaria a desenhar a Mafalda, agora, “porque os jovens de hoje estão desiludidos e não querem mudar o mundo para melhor, ao contrário da década de 60”, leva-nos a acreditar que a Mafalda rebelde, pacifista e questionadora, deve voltar, sim! Não em tiras, mas por inteiro, no coração dos jovens.

E diria como ela”Buenas Noches, Mundo, será hasta mañana. Pero !ojo!, que quedan muchos irresponsabiles despiertos,?Eh?”





 
Mafalda e a professora
Nayr Tesser
Se é um personagem que se corporificou e adquiriu contornos humanos, chama-se Mafalda; se é um espírito que continua vivo, cuja chama não esmorece, chama-se Quino. É ele que diz “O que importam os anos? O que importa mesmo é comprovar que afinal de contas a melhor idade da vida é estar vivo.” É o que acontece com Mafalda e seu criador.
Sempre que pronuncio seu nome, nasce em mim uma enorme ternura e cumplicidade que só  costumo dedicar  a pessoas muito especiais. Mafalda me acompanhou em muitos momentos da minha vida. Já a cultivava quando ainda só falava espanhol e, para aproveitá-la nas aulas de Português, no antigo Julinho, traduzia o balão, colando, em cima da tira original, as falas em português. Muitas provas foram feitas, então, com as tiras da Mafalda. Nesse sentido, adquiri duas coleções, que iam do nº 1 ao nº 12, uma para uso e outra, quase intocada, que até hoje me acompanha. Nos anos que se sucederam a 1964, Mafalda foi a voz que falava por nós, já que nossas vozes haviam sido silenciadas. Esse mesmo papel ela desempenhou quando da Reforma Universitária, em 1972, na malfadada disciplina de LET-180, na qual um dos conteúdos tratados era o de argumentação. Na verdade, a sociedade deve muito aos humoristas e cartunistas desse período, porque eles construíram a brecha através da qual nossa alma respirava a liberdade.
Esse amor, até hoje cultivado e que assiste Mafalda ressurgir com o mesmo impacto, reconhece a imortalidade e universalidade dessa menina cujos olhos percebiam, desde cedo, a contradição entre “coisas que não se devem fazer” e as que os adultos fazem, contrariando o que lhes era ensinado. “Por que os adultos não fazem o que lhes ensinam?” A menina, irônica, questionadora e pacifista tinha, e ainda tem, motivos de sobra para se preocupar com os rumos do planeta, preocupação que muitos de nós custamos a ter, apesar dos esforços  de conscientização quanto ao destino do planeta.
Quando Quino, ao justificar que não voltaria a desenhar a Mafalda, agora, “porque os jovens de hoje estão desiludidos e não querem mudar o mundo para melhor, ao contrário da década de 60”, leva-nos a acreditar que a Mafalda rebelde, pacifista e questionadora, deve voltar, sim! Não em tiras, mas por inteiro, no coração dos jovens.
E diria como ela”Buenas Noches, Mundo, será hasta mañana. Pero !ojo!, que quedan muchos irresponsabiles despiertos,?Eh?”