Mafalda e a
professora
Nayr Tesser
Se é um personagem que se corporificou e adquiriu contornos
humanos, chama-se Mafalda; se é um espírito que continua vivo, cuja chama não
esmorece, chama-se Quino. É ele que diz “O que importam os anos? O que importa
mesmo é comprovar que afinal de contas a melhor idade da vida é estar vivo.” É
o que acontece com Mafalda e seu criador.
Sempre que pronuncio seu nome, nasce em mim uma enorme
ternura e cumplicidade que só costumo
dedicar a pessoas muito especiais.
Mafalda me acompanhou em muitos momentos da minha vida. Já a cultivava quando
ainda só falava espanhol e, para aproveitá-la nas aulas de Português, no antigo
Julinho, traduzia o balão, colando, em cima da tira original, as falas em português.
Muitas provas foram feitas, então, com as tiras da Mafalda. Nesse sentido,
adquiri duas coleções, que iam do nº 1 ao nº 12, uma para uso e outra, quase
intocada, que até hoje me acompanha. Nos anos que se sucederam a 1964, Mafalda
foi a voz que falava por nós, já que nossas vozes haviam sido silenciadas. Esse
mesmo papel ela desempenhou quando da Reforma Universitária, em 1972, na
malfadada disciplina de LET-180, na qual um dos conteúdos tratados era o de
argumentação. Na verdade, a sociedade deve muito aos humoristas e cartunistas
desse período, porque eles construíram a brecha através da qual nossa alma
respirava a liberdade.
Esse amor, até hoje cultivado e que assiste Mafalda
ressurgir com o mesmo impacto, reconhece a imortalidade e universalidade dessa
menina cujos olhos percebiam, desde cedo, a contradição entre “coisas que não
se devem fazer” e as que os adultos fazem, contrariando o que lhes era ensinado.
“Por que os adultos não fazem o que lhes ensinam?” A menina, irônica,
questionadora e pacifista tinha, e ainda tem, motivos de sobra para se
preocupar com os rumos do planeta, preocupação que muitos de nós custamos a
ter, apesar dos esforços de
conscientização quanto ao destino do planeta.
Quando Quino, ao justificar que não voltaria a desenhar a
Mafalda, agora, “porque os jovens de hoje estão desiludidos e não querem mudar
o mundo para melhor, ao contrário da década de 60”, leva-nos a acreditar que a
Mafalda rebelde, pacifista e questionadora, deve voltar, sim! Não em tiras, mas
por inteiro, no coração dos jovens.
E diria como ela”Buenas Noches, Mundo, será hasta mañana. Pero
!ojo!, que quedan muchos irresponsabiles despiertos,?Eh?”
Mafalda e a
professora
Nayr Tesser
Se é um personagem que se corporificou e adquiriu contornos
humanos, chama-se Mafalda; se é um espírito que continua vivo, cuja chama não
esmorece, chama-se Quino. É ele que diz “O que importam os anos? O que importa
mesmo é comprovar que afinal de contas a melhor idade da vida é estar vivo.” É
o que acontece com Mafalda e seu criador.
Sempre que pronuncio seu nome, nasce em mim uma enorme
ternura e cumplicidade que só costumo
dedicar a pessoas muito especiais.
Mafalda me acompanhou em muitos momentos da minha vida. Já a cultivava quando
ainda só falava espanhol e, para aproveitá-la nas aulas de Português, no antigo
Julinho, traduzia o balão, colando, em cima da tira original, as falas em português.
Muitas provas foram feitas, então, com as tiras da Mafalda. Nesse sentido,
adquiri duas coleções, que iam do nº 1 ao nº 12, uma para uso e outra, quase
intocada, que até hoje me acompanha. Nos anos que se sucederam a 1964, Mafalda
foi a voz que falava por nós, já que nossas vozes haviam sido silenciadas. Esse
mesmo papel ela desempenhou quando da Reforma Universitária, em 1972, na
malfadada disciplina de LET-180, na qual um dos conteúdos tratados era o de
argumentação. Na verdade, a sociedade deve muito aos humoristas e cartunistas
desse período, porque eles construíram a brecha através da qual nossa alma
respirava a liberdade.
Esse amor, até hoje cultivado e que assiste Mafalda
ressurgir com o mesmo impacto, reconhece a imortalidade e universalidade dessa
menina cujos olhos percebiam, desde cedo, a contradição entre “coisas que não
se devem fazer” e as que os adultos fazem, contrariando o que lhes era ensinado.
“Por que os adultos não fazem o que lhes ensinam?” A menina, irônica,
questionadora e pacifista tinha, e ainda tem, motivos de sobra para se
preocupar com os rumos do planeta, preocupação que muitos de nós custamos a
ter, apesar dos esforços de
conscientização quanto ao destino do planeta.
Quando Quino, ao justificar que não voltaria a desenhar a
Mafalda, agora, “porque os jovens de hoje estão desiludidos e não querem mudar
o mundo para melhor, ao contrário da década de 60”, leva-nos a acreditar que a
Mafalda rebelde, pacifista e questionadora, deve voltar, sim! Não em tiras, mas
por inteiro, no coração dos jovens.
E diria como ela”Buenas Noches, Mundo, será hasta mañana. Pero
!ojo!, que quedan muchos irresponsabiles despiertos,?Eh?”